Após oito meses de espera, a 103ª temporada da National Football League (NFL) retorna na próxima quinta-feira, dia 8. A temporada promissora terá como jogo de abertura o confronto entre Los Angeles Rams, os atuais campeões, e Buffalo Bills, no SoFi Stadium, às 21:20 (horário de Brasília), com transmissão da ESPN para todo Brasil. Já no Sunday Night, às 21:20 do próximo domingo (11), os Tampa Bay Buccaneers, de Tom Brady, estreiam na temporada contra os Dallas Cowboys, de Dak Prescott. No Monday Night, o Denver Broncos, de Russell Wilson, enfrenta o Seattle Seahawks, antigo time de Wilson, também às 21:20 e com transmissão da ESPN. Todas as semanas dessa temporada da NFL terão jogos nas segundas e quintas à noite e nos domingos à tarde e à noite.
Formato da competição
A nova temporada regular da NFL conta com 17 jogos em 17 semanas para todos os times. Os 32 times são divididos em duas grandes conferências com 16 times cada, a AFC (American Football Conference) e a NFC (National Football Conference), e cada conferência é dividida em 4 grupos, chamados de divisões. Os melhores colocados em suas divisões se classificam para os playoffs: que incluem os quatro campeões de cada divisão e os três melhores colocados que não foram campeões. Assim, os sete melhores times de cada conferência se enfrentam em estilo “mata-mata”. Apenas o melhor colocado geral na temporada regular descansa, enquanto o restante dos times se enfrentam de acordo com o cruzamento olímpico – o melhor colocado tem o mando de campo. Durante a fase seguinte, na qual restam apenas 4 times em cada conferência, o melhor e o pior colocado entre os times restantes se enfrentam e os outros dois duelam entre si, sempre na casa do melhor colocado. Os vencedores das “quartas de final” duelam para decidir o campeão de cada conferência. Por fim, os campeões de cada conferência se enfrentam no maior e último jogo da temporada, o Super Bowl, que será realizado no dia 12 de fevereiro.
O Super Bowl
Muito mais do que um simples jogo, o Super Bowl é um evento mundial. Apenas nos Estados Unidos, o confronto final da temporada passada da NFL, entre Los Angeles Rams e Cincinnati Bengals, teve uma audiência de cerca de 112,3 milhões de espectadores. O time vencedor da partida decisiva leva para casa o troféu Vince Lombardi, intitulado em homenagem ao famoso treinador do Green Bay Packers, primeiro campeão da história do Super Bowl. Confira abaixo as franquias que mais vezes ergueram o troféu da competição que se aproxima da sua 57º edição.
Número de títulos | Franquias |
6 títulos | New England Patriots |
Pittsburgh Steelers | |
5 títulos | Dallas Cowboys |
San Francisco 49ers | |
4 títulos | Green Bay Packers |
New York Giants | |
3 títulos | Denver Broncos |
Las Vegas Raiders | |
Washington Commanders | |
2 títulos | Baltimore Ravens |
Indianapolis Colts | |
Kansas City Chiefs | |
Los Angeles Rams | |
Miami Dolphins | |
Tampa Bay Buccaneers | |
1 título | Chicago Bears |
New Orleans Saints | |
New York Jets | |
Philadelphia Eagles | |
Seattle Seahawks |
Quem leva o Super Bowl LVII?
Com o começo da temporada da NFL, um dos maiores debates entre os torcedores se resume a acertar quem será o próximo campeão. Em uma temporada tão longa, com um total de 272 partidas, adivinhar o campeão se torna quase impossível, mas sempre é possível prever quem são os favoritos ao título. A NBC Sports, por exemplo, mensurou as chances dos cinco times mais capacitados para ganhar o Super Bowl LVII. Confira abaixo as franquias que prometem para esse ano.
Buffalo Bills – 15%
Os Bills têm demonstrado uma evolução constante a cada temporada que se passa. O Head Coach Sean McDermott apresentou um ótimo trabalho na última temporada, que terminou heroicamente no Divisional Round, perdendo para os Chiefs em um jogo de fortes emoções. O estilo de jogo versátil do Quarterback Josh Allen trouxe para os Bills não apenas uma atuação bonita de se ver em campo, mas também ótimos resultados. A franquia de Nova Iorque trouxe novas peças na offseason, em especial o Linebacker e MVP da temporada de 2016, Von Miller, que chega para ajudar a defesa. Sem dúvida uma aposta muito segura.
Tampa Bay Buccaneers – 14%
Independente do time em que ele se encontra e de quantos anos ele tenha, nunca se deve duvidar da estrela de Tom Brady. As casas de apostas parecem saber disso, uma vez que estão colocando o Tampa Bay como um dos favoritos para a atual temporada. Desde que Brady chegou, ele repaginou a equipe de Todd Bowles, sendo, inclusive, campeão do Super Bowl na mesma temporada em que ingressou ao time. Nos últimos playoffs, os ‘bucs‘ foram parados justamente pelo atual campeão, o Los Angeles Rams. O elenco conta com boa parte dos talentos da liga e o Tampa Bay aproveitou o Draft da NFL para rejuvenescer a equipe, tendo boas chances de levar o título.
Green Bay Packers – 11%
O Green Bay sempre aparece como um dos favoritos. A divisão fraca e a sua linha ofensiva são combinações que costumam garantir uma primeira colocação geral na NFC – foi assim nos últimos três anos. O grande problema está nos playoffs, fase em que a equipe costuma cometer algumas falhas defensivas. Devonte Wyatt, defensive end de Georgia, foi draftado pelos Packers como uma esperança de construir uma defesa mais forte, assim ajudando o time onde ele mais peca. A franquia conta com o experiente QB Aaron Rodgers, atual MVP da liga, que lidera a sua equipe rumo a mais um possível título.
Kansas City Chiefs – 7%
Nos últimos anos, a equipe de Kansas se destacou pelo excelente trabalho que culminou com o título do Super Bowl LV. O treinador Andy Reid e o seu quarterback e astro Patrick Mahomes demonstram um jogo ofensivo impecável. Com uma média de 28,2 pontos por jogo, os Chiefs sempre prometem na pós-temporada. Apesar da perda de um de seus melhores recebedores, Tyreek Hill, a franquia se movimentou no mercado e trouxe outro talento para a sua linha de frente: “JuJu” Smith-Schuster, ex-steelers, que pode muito bem “tapar esse buraco”. Na temporada passada, a equipe de Andy Reid parou nos finalistas Cincinnati Bengals, mas, nas outras duas últimas temporadas, a equipe conseguiu chegar ao Super Bowl. Então, não seria nenhuma novidade vê-los na final novamente.
Los Angeles Rams – 7%
Por fim, os atuais campeões, o time de Los Angeles que, com uma campanha incrível na última temporada, levou o Vince Lombardi para casa. A aposta do time de Sean McVay foi simples: contratar os melhores jogadores que estavam livres no mercado para construir um forte elenco – repetindo a estratégia que trouxe a ajuda de Von Miller na defesa e de Odell Beckham-Jr no ataque para os Rams vencerem o Super Bowl LVI. A grande barreira para os Rams é justamente se recompor dessa rápida investida que, agora, já foi perdida. Os dois jogadores mencionados já não estão mais no time, mesmo sendo de extrema importância para a última temporada. McVay terá de trabalhar com o elenco restante para que, ainda assim, o time mantenha a sua extrema qualidade.
Mercado bilionário
A volta da NFL também significa um grande ganho para a economia americana. Capaz de superar até mesmo o futebol quando se trata do esporte mais lucrativo do mundo, o futebol americano, ou mais especificamente, a NFL sozinha supera os ganhos das outras cinco ligas de futebol mais lucrativas do mundo, mesmo com uma quantidade menor de fãs. A NFL fatura cerca de 10 bilhões de dólares por ano, dez vezes mais que a Premier League, liga de futebol inglês, sendo considerada a mais valiosa entre todas as ligas de tamanho nacional, que faturou 1,1 bilhão de dólares na última temporada. Alguns fatores são primordiais para que esse valor expressivo consiga ser arrecadado, como o sistema de franquias da NFL.
Sistema de franquias da NFL
Diferentemente do que é visto em outros países, os times das ligas norte-americanas são conhecidos como franquias e não como clubes. A grande diferença entre os dois termos está na permissão ou não de lucro próprio, enquanto os clubes trabalham como associações humanas, as franquias são governadas por proprietários físicos, ou seja, elas têm “donos”. Como consequência, a gerência dos clubes é altamente comprometida, uma vez que uma boa administração significa mais dinheiro para o seu dono.
Dessa forma, é natural que se crie um ambiente de busca por qualidade dos times, dando mais valor a liga e mais razões para que as empresas de mídia busquem contratos com a NFL. Ações como mudar a sede da franquia são feitas constantemente para criar um maior valor para elas. Para se ter uma dimensão, o valor médio das franquias é avaliado em US$ 4,4 bilhões, tendo o Dallas Cowboys como a mais valiosa, com valor de US$ 8 bilhões.
Modelo de negócios
O jeito como a NFL lida com os negócios envolvidos nesse mercado garante aos times uma maior liberdade e estabilidade de gerenciamento, além de muito equilíbrio competitivo para o campeonato, elevando a qualidade do espetáculo. A NFL paga parte dos salários dos jogadores, mas com o uso do Salary Cap (o mesmo que teto salarial), os clubes nivelam a quantia máxima que podem gastar com seus jogadores. Assim, proporcionando liberdade de contrato e equilíbrio na força dos times. O teto de gasto salarial dos atletas das franquias beira os 177,7 milhões de dólares atualmente.
Outro ponto importante que equilibra a qualidade dos times é o conhecido Draft, no qual as franquias têm, por uma ordem de escolha que vai dos piores aos melhores colocados, a possibilidade de escolher jovens promessas das faculdades norte-americanas para incluírem ao seu elenco. Modelos de negócio como esse permitem ciclos de melhora na qualidade esportiva de temporada em temporada.
Mídia e patrocínio na NFL
As condições que a NFL proporciona para os times, aliadas aos mais de 130 milhões de fãs apenas nos Estados Unidos, garantem a entrada de valores expressivos provenientes de contrato com as emissoras. Para se ter uma ideia da relevância do campeonato, 19 das 20 transmissões de televisão de maior audiência da história dos EUA são Super Bowls. O alcance dos jogos é tão grande que valores exorbitantes são pagos pelos direitos transmissivos da NFL. A ESPN, por exemplo, possui o contrato mais caro, que garante para a liga o valor de US$ 2 bilhões por ano. Não à toa, de todos os lucros da NFL, aproximadamente metade vem de contratos com emissoras.
Se tem muita gente assistindo à NFL, claro que também existem muitas empresas interessadas em um tempinho de propaganda nessas valiosas transmissões. No Super Bowl LVII, um anúncio de 30 segundos custava em torno de 7,7 milhões de dólares, enquanto, na temporada regular, publicidades com o mesmo período custavam cerca de 800 mil dólares.
Brasil e NFL
Dificilmente algum outro país será capaz de movimentar tanto dinheiro para a liga como os Estados Unidos, mas o Brasil se destaca pela crescente de adeptos ao esporte da bola oval e se potencializa como um mercado para investimentos. O início da temporada da NFL representa a alegria de cerca de 20 milhões de fãs, número que, segundo a Sponsorlink, cresceu mais de 117% nos últimos anos.
Esse crescimento no número de brasileiros acompanhando a NFL foi impulsionado pela escolha da franquia do Miami Dolphins de tornar o país uma nova rota de expansão de mercado. Para isso, foi fundamental a iniciativa da NFL de possibilitar o marketing e o investimento dos times ao redor do mundo, dando direito às franquias de realizarem ações fora dos EUA. Um fato inusitado resultante desse investimento foi a revelação da escolha de Draft da quarta rodada dos Dolphins ter sido feita pelo lateral do Flamengo Filipe Luís, que discursou em inglês e português a escolha que “draftou” o wide receiver de Texas Tech Erik Ezukanma.
Por Bruno Brazil e Gabriel Katz