Foto: Javier Garcia Martino/Photogamma
Em que pese a crônica crise econômica da Argentina e seus impactos no futebol, Boca Juniors e River Plate têm conseguido crescer financeiramente. Em alguns aspectos, como a arrecadação com estádio e sócios, até superar rivais brasileiros.
Em seu balanço mais recente, relativo ao exercício fiscal encerrado em 31 de agosto de 2024, o River registrou R$ 1,23 bilhão em receita. A conversão da moeda é feita pelo com base na cotação da data de fechamento das demonstrações.
Já o Boca Juniors fechou seu balanço em 30 de junho de 2024 com R$ 840 milhões em faturamento. O time não participou da Libertadores naquela edição, o que ajuda a justificar a notória diferença no clássico argentino em relação às finanças.
No Brasil, há clubes com programas de sócios-torcedores que dão direito a ingresso sem custo adicional. Outros concedem descontos, altos ou baixos. Alguns, nem isto.
Também existe a distinção entre sócio-torcedor e patrimonial, isto é, aquele que participa do convívio social e costuma ter participação política na associação sem fins lucrativos. Por vezes, esse associado não é nem torcedor do time em questão.
Essas diferenças tornam a comparação apenas da linha de sócios imprecisa — tanto dentro do Brasil, quanto com adversários da Argentina, onde há cultura associativa.
É por isso que o Sport Insider compara receitas com bilheterias, sócios e estádios, para aproximar ao conceito de “dia do jogo” e tornar o denominador comum.
Clube | Bilheteria (R$ milhões) | Estádio (R$ milhões) | Sócio (R$ milhões) | TOTAL (R$ milhões) |
River Plate | 79 | 297 | 376 | |
Boca Juniors | 66 | 227 | 293 | |
Flamengo | 118 | 48 | 78 | 244 |
Atlético-MG | 81 | 60 | 32 | 173 |
Corinthians | 94 | 71 | 165 | |
São Paulo | 96 | 12 | 52 | 160 |
Palmeiras | 65 | 74 | 139 | |
Grêmio | 12 | 99 | 111 | |
Internacional | 19 | 86 | 105 | |
Fluminense | 29 | 70 | 99 |
A vantagem em relação aos brasileiros se restringe a River e Boca, no entanto. As demonstrações financeiras de Estudiantes e Independiente — entre os poucos grandes clubes argentinos que publicam seus documentos em locais acessíveis na internet — mostram que entre eles a desigualdade perante os adversários é enorme.
O Estudiantes teve na temporada de 2024 um faturamento de R$ 302 milhões, dos quais R$ 47 milhões tiveram origem na combinação de estádio e associados.
O Independiente registrou no mesmo exercício fiscal R$ 232 milhões em receitas, das quais R$ 82 milhões estão identificadas como originadas nas cotas de sócios.
Percebe-se que a participação social é relevante dentro das arrecadações desses clubes, o que reforça a natureza associativa do futebol argentino, mas também é possível concluir que somente os dois gigantes têm conseguido elevar seu poderio econômico a ponto de fazer frente aos rivais brasileiros.