Newsletter

Por que a Copa de Clubes não lota os estádios?

Por Rodrigo Capelo 20/06/2025 | 07h45
Compartilhe esse conteúdo

Com 80.619 torcedores presentes no Rose Bowl para Paris Saint-Germain e Atlético de Madrid, pela Copa do Mundo de Clubes, a Fifa fez graça nas redes sociais. A federação colocou a foto do estádio cheio e lembrou que em 1994, na Copa de seleções, o espaço estivera lotado para a final entre Brasil e Itália.

 

Apesar da propaganda, não tem sido assim em todos os jogos da competição de clubes. Nas partidas disputadas até a noite de quinta-feira (19), a Copa registra média de público de 36.433 torcedores. Comparada à capacidade oficial dos respectivos estádios, a ocupação média deles está em 56%.

 

A Fifa já começou a tomar medidas para aumentar a presença do público nas arenas. O preço dos ingressos foi reduzido drasticamente — de 350 para cerca de 50 dólares, cita o The Athletic no caso do jogo entre Inter Miami e Al-Ahly.

 

Poderia não ser um problema, hoje, se os estádios fossem menores. A ocupação máxima seria batida mesmo com públicos menos numerosos, e isto não se tornaria problema para as transmissões, que teriam imagens em plano aberto com as arquibancadas lotadas. No entanto, segundo o mesmo site, a Fifa insistiu em arenas maiores para passar a imagem de grandiosidade da competição que acaba de criar.

 

Foto: Fifa

 

Mas por que os estádios não lotam?

 

Embora esteja cedo para cravar a resposta definitiva, existem circunstâncias a se considerar. Elas se dividem em duas vertentes: nos Estados Unidos e na Copa.

 

No país, há um contexto belicoso que dificilmente poderia ter sido previsto quando este foi escolhido sede do torneio pela Fifa, em junho de 2023. Donald Trump, eleito presidente norte-americano somente em novembro de 2024, iniciou uma onda de deportações de imigrantes ilegais, endureceu as regras para a entrada de estrangeiros no território e enfrenta protestos violentos em diversas cidades.

 

Para um campeonato que depende em grande medida do turismo, inclusive de países dos quais se exige visto, como os da América do Sul, o cenário é desfavorável.

 

Quanto ao evento, os estádios preenchidos pela metade indicam que a construção da marca “Copa do Mundo de Clubes” levará tempo — até porque a Copa do Mundo de seleções, que lota arenas em países sem cultura futebolística desde o primeiro jogo, vem sendo trabalhada no imaginário popular desde a sua primeira edição, em 1930.

 

Real Madrid, Paris Saint-Germain e Bayern de Munique são marcas fortes para os fãs de futebol. Messi, no Inter Miami, também. Mas para que um evento esportivo ganhe o status da Copa do Mundo (de seleções) ou dos Jogos Olímpicos, ele precisa furar a bolha dos consumidores de esporte. E aí está o maior desafio da Fifa em sua criação.

 

Mexer em outras variáveis provavelmente causaria impacto. Por exemplo: o americano divide seu gosto esportivo entre várias modalidades. Se a Fifa organiza a Copa de Clubes no Brasil, em que a monocultura futebolística impera, talvez tivesse mais facilidade. Outro aspecto: o preço do ingresso mais baixo também pode facilitar a lotação das arenas. Além do quê, conforme a Copa avança, a atratividade aumenta.

 

Mas não custa lembrar: na Copa do Mundo de seleções, mesmo com preços altos e partidas de baixa atratividade, os estádios estão facilmente apinhados de gente. Até mesmo nos Estados Unidos do basquete, do hóquei e do beisebol, 31 anos atrás.

 

Mandante Visitante Grupo Data Público Capacidade Ocupação
Al-Ahly Inter Miami A 14/06 60.927 64.747 94%
Bayern de Munique Auckland C 15/06 21.152 26.000 81%
Paris Saint-Germain Atlético de Madrid B 15/06 80.619 92.542 87%
Palmeiras Porto A 15/06 46.275 82.500 56%
Botafogo Seattle Sounders B 15/06 30.151 68.000 44%
Chelsea Los Angeles D 16/06 22.137 71.000 31%
Boca Juniors Benfica C 16/06 55.574 64.747 86%
Flamengo Espérance D 16/06 25.797 69.176 37%
Fluminense Borussia Dortmund F 17/06 34.736 82.500 42%
River Plate Urawa Red Diamonds E 17/06 11.974 68.000 18%
Ulsan Mamelodi Sundowns F 17/06 3.412 25.500 13%
Monterrey Inter de Milão E 17/06 40.311 92.542 44%
Manchester City Wydad G 18/06 37.446 69.176 54%
Real Madrid Al Hilal H 18/06 62.415 64.747 96%
Pachuca Salzburg H 18/06 5.282 26.000 20%
Al-Ain Juventus G 18/06 18.161 20.000 91%
Palmeiras Al-Ahly A 19/06 35.179 82.500 43%
Inter Miami Porto A 19/06 31.783 71.000 45%
Seattle Sounders Atlético de Madrid B 19/06 51.636 68.000 76%
Paris Saint-Germain Botafogo B 19/06 53.699 92.542 58%

Newsletter

Receba o melhor do sport business no seu e-mail