Com 80.619 torcedores presentes no Rose Bowl para Paris Saint-Germain e Atlético de Madrid, pela Copa do Mundo de Clubes, a Fifa fez graça nas redes sociais. A federação colocou a foto do estádio cheio e lembrou que em 1994, na Copa de seleções, o espaço estivera lotado para a final entre Brasil e Itália.
Apesar da propaganda, não tem sido assim em todos os jogos da competição de clubes. Nas partidas disputadas até a noite de quinta-feira (19), a Copa registra média de público de 36.433 torcedores. Comparada à capacidade oficial dos respectivos estádios, a ocupação média deles está em 56%.
A Fifa já começou a tomar medidas para aumentar a presença do público nas arenas. O preço dos ingressos foi reduzido drasticamente — de 350 para cerca de 50 dólares, cita o The Athletic no caso do jogo entre Inter Miami e Al-Ahly.
Poderia não ser um problema, hoje, se os estádios fossem menores. A ocupação máxima seria batida mesmo com públicos menos numerosos, e isto não se tornaria problema para as transmissões, que teriam imagens em plano aberto com as arquibancadas lotadas. No entanto, segundo o mesmo site, a Fifa insistiu em arenas maiores para passar a imagem de grandiosidade da competição que acaba de criar.
Foto: Fifa
Mas por que os estádios não lotam?
Embora esteja cedo para cravar a resposta definitiva, existem circunstâncias a se considerar. Elas se dividem em duas vertentes: nos Estados Unidos e na Copa.
No país, há um contexto belicoso que dificilmente poderia ter sido previsto quando este foi escolhido sede do torneio pela Fifa, em junho de 2023. Donald Trump, eleito presidente norte-americano somente em novembro de 2024, iniciou uma onda de deportações de imigrantes ilegais, endureceu as regras para a entrada de estrangeiros no território e enfrenta protestos violentos em diversas cidades.
Para um campeonato que depende em grande medida do turismo, inclusive de países dos quais se exige visto, como os da América do Sul, o cenário é desfavorável.
Quanto ao evento, os estádios preenchidos pela metade indicam que a construção da marca “Copa do Mundo de Clubes” levará tempo — até porque a Copa do Mundo de seleções, que lota arenas em países sem cultura futebolística desde o primeiro jogo, vem sendo trabalhada no imaginário popular desde a sua primeira edição, em 1930.
Real Madrid, Paris Saint-Germain e Bayern de Munique são marcas fortes para os fãs de futebol. Messi, no Inter Miami, também. Mas para que um evento esportivo ganhe o status da Copa do Mundo (de seleções) ou dos Jogos Olímpicos, ele precisa furar a bolha dos consumidores de esporte. E aí está o maior desafio da Fifa em sua criação.
Mexer em outras variáveis provavelmente causaria impacto. Por exemplo: o americano divide seu gosto esportivo entre várias modalidades. Se a Fifa organiza a Copa de Clubes no Brasil, em que a monocultura futebolística impera, talvez tivesse mais facilidade. Outro aspecto: o preço do ingresso mais baixo também pode facilitar a lotação das arenas. Além do quê, conforme a Copa avança, a atratividade aumenta.
Mas não custa lembrar: na Copa do Mundo de seleções, mesmo com preços altos e partidas de baixa atratividade, os estádios estão facilmente apinhados de gente. Até mesmo nos Estados Unidos do basquete, do hóquei e do beisebol, 31 anos atrás.
Mandante | Visitante | Grupo | Data | Público | Capacidade | Ocupação |
Al-Ahly | Inter Miami | A | 14/06 | 60.927 | 64.747 | 94% |
Bayern de Munique | Auckland | C | 15/06 | 21.152 | 26.000 | 81% |
Paris Saint-Germain | Atlético de Madrid | B | 15/06 | 80.619 | 92.542 | 87% |
Palmeiras | Porto | A | 15/06 | 46.275 | 82.500 | 56% |
Botafogo | Seattle Sounders | B | 15/06 | 30.151 | 68.000 | 44% |
Chelsea | Los Angeles | D | 16/06 | 22.137 | 71.000 | 31% |
Boca Juniors | Benfica | C | 16/06 | 55.574 | 64.747 | 86% |
Flamengo | Espérance | D | 16/06 | 25.797 | 69.176 | 37% |
Fluminense | Borussia Dortmund | F | 17/06 | 34.736 | 82.500 | 42% |
River Plate | Urawa Red Diamonds | E | 17/06 | 11.974 | 68.000 | 18% |
Ulsan | Mamelodi Sundowns | F | 17/06 | 3.412 | 25.500 | 13% |
Monterrey | Inter de Milão | E | 17/06 | 40.311 | 92.542 | 44% |
Manchester City | Wydad | G | 18/06 | 37.446 | 69.176 | 54% |
Real Madrid | Al Hilal | H | 18/06 | 62.415 | 64.747 | 96% |
Pachuca | Salzburg | H | 18/06 | 5.282 | 26.000 | 20% |
Al-Ain | Juventus | G | 18/06 | 18.161 | 20.000 | 91% |
Palmeiras | Al-Ahly | A | 19/06 | 35.179 | 82.500 | 43% |
Inter Miami | Porto | A | 19/06 | 31.783 | 71.000 | 45% |
Seattle Sounders | Atlético de Madrid | B | 19/06 | 51.636 | 68.000 | 76% |
Paris Saint-Germain | Botafogo | B | 19/06 | 53.699 | 92.542 | 58% |