33% dos torcedores se consideram fanáticos — mas eles realmente são?

Foto: Divulgação/O Globo

O Globo publica nesta semana uma série de reportagens sobre as torcidas brasileiras, com base em pesquisa contratada pelo jornal junto aos institutos Ipsos e Ipec. Em um dos trechos mais interessantes para o marketing esportivo, o estudo detalha o perfil do torcedor em relação a fanatismo e engajamento.

Quanto ao fanatismo, pesquisadores perguntaram aos entrevistados a intensidade desse sentimento, em uma escala de 0 a 10.

• 33% foram classificados como “fanáticos”, com notas 9 ou 10;
• 18% foram classificados como “apaixonados”, com notas 7 ou 8;
• 21% foram classificados como “regulares”, com notas 5 ou 6;
• 27% foram classificados como “ocasionais”, com notas 0 a 4;
• 1% diz que “não sabe”.

As pontuações refletem a opinião da pessoa sobre si mesma, ou seja, há um grau de subjetividade nas respostas que pode variar muito de acordo com o sujeito. O resultado indica que um terço da população se identifica fanática por seu time.

Muitas dúvidas podem ser levantadas a partir desse ponto, mas a principal delas é: será mesmo que esse cidadão pode ser considerado um fanático?

A saída encontrada pelos pesquisadores foi fazer uma série de perguntas, a seguir, sobre hábitos e sentimentos, não necessariamente ligados a consumo.

• 47% leem notícias sobre o time;
• 46,5% assistem aos jogos (na televisão ou no estádio);
• 22,8% usam roupas do time no dia a dia;
• 18,4% ficam de mau humor após uma derrota;
• 6,7% deixam de fazer algo por causa do jogo.

Se fanático for alguém que responda “sim” para todas as cinco perguntas, a quantidade de gente é muito menor do que na autoidentificação. Mas a realidade tende a ser mais complicada, pois as respostas variam de acordo com o perfil.

O jornal expôs em reportagem, por exemplo, que jovens costumam usar roupas e acessórios no cotidiano, consomem mais notícias e se abalam com derrotas. Porém, os mais velhos têm maior frequência ao assistir a jogos. A explicação para a diferença está na renda. Veteranos ganham mais e têm mais facilidade para ir ao estádio.

Quem é o fanático

Tendo em mente que o fanatismo é uma questão de autoidentificação, qual é o perfil dessas pessoas? O Globo oferece subsídios nas reportagens desta semana.

De 0 a 10, quanto você se considera fanático por seu time?

Por sexo

• 6,5 — homens
• 5,8 — mulheres

Por idade

• 6,8 — 16 a 24 anos
• 6,6 — 25 a 34 anos
• 5,9 — 35 a 44 anos
• 5,6 — 45 a 59 anos
• 6,0 — 60 ou mais

Por região

• 7,0 — Nordeste
• 6,6 — Norte e Centro-Oeste
• 5,9 — Sudeste
• 4,9 — Sul

Por condição do município

• 6,1 — Capital
• 5,4 — Periferia
• 6,4 — Interior

Por renda familiar (salário-mínimo)

• 6,7 — Até 1 SM
• 6,2 — 1 a 2 SM
• 5,8 — 2 a 5 SM
• 5,7 — Mais de 5 SM

Por escolaridade

• 6,6 — Ensino Fundamental
• 6,2 — Ensino Médio
• 5,5 — Ensino Superior

Por cor e religião

• 5,8 — Branca
• 6,4 — Preta ou parda
• 6,3 — Católica
• 6,2 — Evangélica
• 5,8 — Outras e sem religião

Para quem eles torcem

A pesquisa também organizou as respostas das pessoas em relação ao fanatismo de acordo com o clube que elas torcem. Mas os quadros só puderam ser feitos para Flamengo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Vasco, pois para os demais não houve entrevistados em quantidade suficiente para tornar a amostragem segura.

Flamengo

• 38,2% — Fanáticos (9 ou 10)
• 19,8% — Apaixonados (7 ou 8)
• 19,3% — Regulares (5 ou 6)
• 21,8% — Ocasionais (0 a 4)

Corinthians

• 34,2% — Fanáticos (9 ou 10)
• 18,0% — Apaixonados (7 ou 8)
• 18,9% — Regulares (5 ou 6)
• 28,1% — Ocasionais (0 a 4)

Palmeiras

• 29,7% — Fanáticos (9 ou 10)
• 17,3% — Apaixonados (7 ou 8)
• 30,6% — Regulares (5 ou 6)
• 23,4% — Ocasionais (0 a 4)

São Paulo

• 27,6% — Fanáticos (9 ou 10)
• 22,4% — Apaixonados (7 ou 8)
• 22,4% — Regulares (5 ou 6)
• 27,5% — Ocasionais (0 a 4)

Vasco

• 31,7% — Fanáticos (9 ou 10)
• 16,7% — Apaixonados (7 ou 8)
• 15,0% — Regulares (5 ou 6)
• 31,6% — Ocasionais (0 a 4)

A pesquisa O Globo/Ipsos-Ipec foi realizada entre 5 e 9 de junho de 2025. Foram entrevistadas 2000 pessoas com 16 anos ou mais em 132 municípios brasileiros. Com nível de confiança de 95%, a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.