Kings League: entenda como funciona a liga criada por Piqué

Sucesso entre os jovens, o torneio de futebol de 7 com ex-jogadores e streamers tem sido apontado como um potencial rival do futebol tradicional


Por Guilherme Calafate

8 de maio de 2023

Kings League: entenda como funciona a liga criada por Piqué

A Kings League, novo torneio de futebol criado pelo ex-jogador Gerard Piqué e pelo streamer espanhol Ibai Llanos, está atraindo milhares de pessoas para as suas redes sociais e transmissões ao vivo e já foi alvo de incômodo até do presidente da LaLiga, Javier Tebas. Conhecido pelas suas ações empresariais além da sua vitoriosa carreira no futebol, Piqué se uniu com seu amigo Ibai, um dos principais streamers do mundo, para criar uma liga de futebol disruptiva, que enfrenta o modelo tradicional e busca consagrar uma nova modalidade, destinada ao público jovem e com o entretenimento como objetivo principal.

O que é a Kings League?

Reunindo ex-jogadores de futebol, como Ronaldinho Gaúco, Kun Agüero e Iker Casillas, criadores de conteúdo digital e jovens jogadores que, em grande maioria, não atingiram uma carreira profissional ou defendem clubes de pouca expressão no país, a Kings League é uma competição de 12 times, que se enfrentam entre si. Os oito melhores times avançam e disputam os playoffs, até dois times chegarem à grande final. Cada equipe tem como principal jogador um ex-atleta famoso ou um influenciador, geralmente do cenário de esports ou futebol.

A modalidade disputada é o futebol society, com sete jogadores para cada lado. Disputadas em dois tempos de 20 minutos, as partidas não podem terminar empatadas, o que pode levar a uma disputa de shoot-outs, em que um jogador carrega a bola do meio-campo até a área e tenta marcar o gol cara a cara com o goleiro adversário. Porém, as regras diferenciadas da competição não param por aí.

Visando aumentar a imprevisibilidade dos jogos, tornar a o torneio mais divertido e atrair o público jovem, algumas das regras específicas da liga são: substituições ilimitadas, não há um pontapé inicial na partida (a bola é colocada no meio e os times precisam correr em direção a ela) e há a possibilidade de utilização de “cartas especiais”, que garantem diferentes tipos de “poderes” para o time, tais como gol dobrado por dois minutos, expulsar um adversário por dois minutos, entre outras.

Como surgiu a Kings League?

Como relatado pelo jornal The New York Times, a ideia surgiu após Piqué diagnosticar que o “problema central” do futebol tradicional é que, para um público acostumado com conteúdos curtos e guiados pelos algoritmos de satisfação instantânea de plataformas como YouTube, Twitch e TikTok, 90 minutos é realmente muito tempo. Ao criar a liga, Piqué estava convencido de que o esporte que ele sempre amou teria que se adaptar, minimizando as pausas naturais – ou encontrando uma maneira de preenchê-las – e adotando ritmos e recursos dos videogames, streaming e reality shows para atender os telespectadores.

Sucesso de audiência

Pelas métricas com as quais os organizadores da Kings League se preocupam, o torneio tem sido um sucesso esmagador. Ele acumulou cerca de 238 milhões de visualizações no TikTok em janeiro – mais do que todas as ligas tradicionais da Europa juntas – e mais de dois milhões de pessoas assistiram a uma única rodada de jogos no final de fevereiro no Twitch, TikTok e YouTube. Além disso, a grande final da temporada inaugural, que foi disputada no próprio Camp Nou, estádio do Barcelona, no dia 26 de março, recebeu um público de mais de 90 mil pessoas.

Incômodo da LaLiga

Em uma entrevista realizada durante um evento da organização da principal liga de futebol da Espanha, Javier Tebas, presidente da LaLiga, esnobou o o projeto de Piqué, comparando o torneio a um circo e a um programa de televisão espanhol. Além de afirmar que a LaLiga “não sente qualquer ameaça” da Kings League. “É como dizer que o Pasapalabra (game show famoso da TV espanhola) pode ser um concorrente de La Liga. A única coisa em que a Kings League é parecida com o futebol é que você joga com uma bola e tem que marcar gols”, declarou Tebas. “Eu gosto disso como um circo, mas não é comparável à indústria do futebol.”

Edição brasileira

Para Piqué, o Brasil é um excelente mercado para a Kings League, já que há um enorme interesse por futebol de 7 no país. O ex-jogador declarou publicamente o objetivo de criar uma edição brasileira da Kings League quando convidou Ronaldinho Gaúcho para atuar em uma partida. “Comentamos que, no Brasil, o futebol de 7 é muito popular, Ronaldinho adora jogar. E começamos a falar que, no futuro, gostaríamos de levar a liga ao Brasil, sobre um mercado potencialmente bom”, afirmou Piqué.