Investigação aponta que pelo menos 7 lutas de boxe foram manipuladas nos Jogos Olímpicos de 2016

Relatório produzido pelo canadense Richard McLaren apurou que ex-presidente da Aiba, Wu Ching-Kuo estava envolvido no esquema.


Por Thiago Dias

7 de outubro de 2021

A investigação, que está sendo realizada pela agência McLaren Global Sport Solutions, liderada pelo advogado Richard McLaren, encontrou entre sete e onze lutas que diziam fazer parte de um esquema de “manipulação” com resultados combinados por árbitros e juízes “cúmplices e complacentes”.

O relatório de 149 páginas foi encomendado pelo presidente da Aiba, Umar Kremlev, que foi eleito como o novo chefe da organização em dezembro do ano passado e rapidamente iniciou uma série de reformas que afetaram todo o corpo administrativo.

Para a liderança da Aiba, o relatório detalha a criação de uma cultura de “medo e obediência de partes iguais” que permeou toda a organização, incluindo os árbitros e juízes “incompetentes ou cúmplices”, que foram selecionados para oficiar episódios importantes.

Um suposto suborno de até US$250.000 foi oferecido para fixar o resultado da semifinal, de acordo com o depoimento da testemunha no relatório McLaren. A semifinal entre o irlandês Michael Conlan e Vladimir Nikitin da Rússia – que acabou sendo resolvida por uma decisão dividida altamente controversa a favor de Nikitin – é também uma das lutas que se acredita fazer parte da investigação.

As principais razões apresentadas no relatório para a fixação das lutas foram generalizadas, ficou constatado que as lutas foram manipuladas “por dinheiro, pelo benefício percebido de Aiba, ou para agradecer às Federações Nacionais e seus comitês olímpicos e, ocasionalmente, aos anfitriões das competições por seu apoio financeiro e apoio político”.

A investigação de McLaren começou em junho, com a primeira fase de análise da arbitragem e julgamento do torneio de boxe dos Jogos Olímpicos Rio 2016, seguida por uma segunda fase que analisará as alegações históricas de corrupção ligadas à Aiba.

Logo após a eleição de Kremlev, o presidente aprovou uma nova constituição para Aiba com o objetivo de melhorar a governança democrática, a transparência, a eficiência e a supervisão ética em Aiba, de acordo com as recomendações do Comitê Olímpico Internacional.

Após a liberação da primeira etapa da investigação, a Aiba divulgou uma declaração observando sua “preocupação” com as descobertas e confirmando que está pressionando para avançar com reformas de integridade esportiva para garantir que as falhas não possam ser repetidas, incluindo critérios de seleção muito mais rigorosos para árbitros, juízes e oficiais técnicos.

“O Professor McLaren e sua equipe identificaram um sistema para manipular os resultados das lutas no torneio de boxe Rio 2016. Estou determinado a garantir que os boxeadores recebam uma luta justa”. Esta determinação é demonstrada pelo claro compromisso da Aiba em desvendar a verdade e agir sobre ela.

No início deste ano, a Aiba pagou sua dívida de US$ 10 milhões com a empresa Azeri Benkons, dando, portanto, um passo importante em seu processo de reforma. No entanto, o COI reiterou recentemente a sua expectativa de que a Aiba acelere as suas reformas e expressou preocupação sobre o lugar do esporte, no programa olímpico para 2024.