Enquanto os esportes femininos crescem em popularidade e relevância, um movimento inovador está revolucionando os calçados das atletas
Durante décadas, atletas femininas competiram com calçados que, na maior parte dos casos, eram apenas versões reduzidas dos modelos masculinos. Entretanto, à medida que os esportes femininos crescem em popularidade e relevância, um movimento liderado por marcas inovadoras está mudando esse cenário. Pesquisas indicam que pés femininos possuem formatos e necessidades biomecânicas diferentes dos masculinos, tornando essencial o desenvolvimento de calçados projetados especificamente para atender a essas demandas.
Estudos acadêmicos demonstram diferenças significativas entre os pés de homens e mulheres. Segundo a professora de anatomia Roshna Wunderlich, da James Madison University, os pés femininos tendem a ter uma proporção distinta entre calcanhar e antepé, arcos mais elevados e um formato geral diferente. “O calçado é o ponto de interação entre nosso corpo e o solo, e ele influencia tanto no desempenho quanto no risco de lesões”, explica Wunderlich ao Front Office Sports.
Até recentemente, grandes marcas esportivas adotavam um modelo unissex em muitos de seus lançamentos, mas evidências apontam que esse modelo não atende adequadamente as necessidades biomecânicas femininas. “Competições com calçados inadequados podem levar a problemas como fascite plantar, dores crônicas nos joelhos e tendinite, especialmente no tendão de Aquiles”, alerta Arianna Gianakos, da Yale School of Medicine.
Se por um lado gigantes da indústria, como Nike, Adidas e Puma, começam a investir em modelos desenvolvidos com lasts (moldes) femininos, por outro, novas marcas estão surgindo com o objetivo exclusivo de projetar calçados para atletas mulheres.
Um exemplo notável é a Moolah Kicks, especializada em tênis de basquete femininos. A marca coleta dados sobre pés femininos para criar moldes personalizados que resultam em maior conforto e melhor desempenho. “Quando falamos de calçados esportivos, estamos falando de equipamentos. Cada detalhe é importante, desde o volume do arco até o formato do calcanhar”, explica Natalie White, fundadora e CEO da Moolah Kicks.
No futebol, a IDA Sports vem ganhando espaço, com um crescimento expressivo na National Women’s Soccer League (NWSL). A empresa passou de zero atletas patrocinadas em 2023 para 11 em 2024, triplicando sua receita no mesmo período. “Nosso foco é projetar chuteiras que respeitem a anatomia das atletas e reduzam o desconforto e os riscos de lesões”, destaca Emelia Funnell, diretora de pesquisa e desenvolvimento da IDA Sports.
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Embora os avanços sejam notáveis, especialistas alertam que ainda há um longo caminho a percorrer. Gianakos defende mais estudos científicos para aprimorar os modelos. “Não podemos dizer que calçados projetados para mulheres vão eliminar lesões como rompimentos de LCA, mas ajustes biomecânicos podem reduzir a carga nos joelhos e melhorar a estabilidade.”
Marcas pioneiras estão se beneficiando do crescente interesse por esportes femininos, impulsionado pelo aumento de audiência e pelo reconhecimento de atletas como Sabrina Ionescu, A’ja Wilson e Caitlin Clark, cujos modelos exclusivos estão entre os mais esperados pelo mercado.
Com o avanço das pesquisas e o interesse crescente das marcas, a tendência é que os calçados esportivos para mulheres continuem evoluindo, garantindo que as atletas tenham à disposição equipamentos que realmente atendam às suas necessidades biomecânicas e contribuam para seu desempenho e segurança dentro de campo e das quadras.
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