Golfe: saiba por que as grandes marcas patrocinam o PGA TOUR e o que elas ganham com isso

Uma análise sobre o motivo que levam empresas a investirem milhões nesse que é um dos esportes mais tradicionais do planeta. 


Por Insper Sports Business

31 de março de 2022

Parceria Editorial

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Golfe

A Professional Golfers Association (PGA) é uma associação que reúne os melhores jogadores de golfe o mundo e promove seu próprio campeonato, o PGA Tour, uma junção de vários torneios, e o PGA Championship, seu próprio torneio. Por serem os principais campeonatos do mundo na modalidade, neste artigo vamos falar de várias marcas que patrocinam a entidade e as motivações para os investimentos milionários feitos por essas empresas. 

Sobre o golfe

O golfe como conhecemos hoje é derivado de um jogo romano chamado Paganica, em que os jogadores batiam em uma bola com um taco ou bastão. Ele surgiu por volta do ano 1744 na Escócia medieval, na cidade de Edimburgo e não sofreu alteração em suas regras até os dias atuais. 

Dada tamanha tradição, o esporte tem milhões de fãs ao redor do mundo, fato que faz com que diversas marcas busquem a audiência das ligas do esporte para se promoverem e, consequentemente, gerarem maior visibilidade para seus produtos ou serviços. 

Entre alguns dos nomes memoráveis do golfe estão:

Tiger Woods (1975-)Arnold Palmer (1929-2016)Jack Nicklaus(1960-)
82 vitórias no PGA TOUR62 vitórias no PGA TOUR73 vitórias no PGA TOUR
Recorde em vitórias na história do PGA TOUR (empatado apenas com Sam Snead)Conhecido como “The King” por ser um dos jogadores mais antigos e mais populares da história Conhecido como “The Golden Bear” por sua aparência (apelido criado em 1967, por um jornalista australiano)

Por que patrocinar o golfe?

O cenário, a elegância dos movimentos, o formato da transmissão, estas são algumas das características que fazem do golfe o esporte perfeito para grandes marcas patrocinarem. A Rolex, por exemplo, não quer atingir alguém que não tenha capital suficiente para comprar seus produtos, por isso o ambiente dos grandes campeonatos de golfe, frequentado em sua maioria pela classe alta, faz com que ela atinja em cheio seu principal tipo de comprador.

O golfe possui um jogo fluído e, ao mesmo tempo, tranquilo. Em 10 segundos de golfe, uma propaganda causa impacto imediato ao telespectador. Diferentemente de qualquer outro esporte, no golfe a propaganda faz parte do espetáculo. Uma rodada dura cerca de 5 horas. Porém, golfistas profissionais aparecem em média por menos de uma hora na televisão. O tempo total é dividido entre os próprios atletas, propagandas e os elementos típicos da partida de golfe, como a bolinha voando ou caindo no buraco. 

É um fato que os golfistas recebem poucos minutos de exposição por rodada. E dependem de sua visibilidade e posição no Ranking Mundial. Logo, os melhores e mais conhecidos aparecem por mais tempo na televisão. E nesses poucos momentos em que eles ganham os holofotes, as marcas que os patrocinam também estão presentes. Logo, as empresas que conseguem atingir esses jogadores ganham um tremendo valor a partir desses poucos, porém, preciosos minutos de televisão.

Por isso, conseguimos perceber atletas com diferentes marcas expostas em seus materiais, alguns com mais outros com menos. Vamos usar Tiger Woods, o jogador de golfe mais conhecido da história, como exemplo.

Woods fez seu retorno ao golfe em 2018 e, de cara, gerou mais de US$ 10 milhões a sua principal patrocinadora, a Nike. Seu retorno foi em um campeonato de tamanho mediano, em que ele não foi até o final, tal fato mostra que em um torneio da PGA ele poderia render bem mais que esse montante.

Para se ter uma ideia de como uma marca pode faturar aparecendo nos campeonatos de golfe, a KT tape, empresa que fabrica fitas para recuperação muscular, ganhou US$ 3,96 milhões só por aparecer no pescoço de Woods durante seu retorno. E o detalhe é que ela nem estava o patrocinando. 

O tráfego no site da KT aumentou 300% naquele dia, isto fez com que as marcas se atentassem para colocar seus nomes em outros lugares, como nos braços dos atletas, não só nas roupas, chapéus, bolsas e sapatos. 

Após este fato, Rory Mcllroy um dos principais golfistas do mundo, apareceu usando um adesivo de uma empresa de imóveis.

Dessa maneira podemos mostrar que não só Woods tem a capacidade de gerar milhões para algumas empresas, abaixo vamos mostrar alguns dos golfistas que geraram rios de dinheiro a seus patrocinadores.

 Segue a lista:

  • Jordan Spieth: US$ 4,84 milhões em exposição de marca para Under Armour;
  • Justin Rose (Masters’ runner-up): US$  6,1 milhões para a Adidas;
  • Sergio Garcia (2017 Masters Champion): US$ 13,5 milhões para a Adidas
  • Bernhard Langer: teria gerado US$ 2,2 milhões durante a 3ª rodada do Masters para a frente de sua viseira, se tivesse adquirido um patrocinador para isso.

O valor gerado não depende somente do atleta. O patrocínio precisa estar no lugar certo e na hora certa. A Instant Sponsor realizou uma pesquisa que mostra como o golfe é tão rentável em questão de patrocínios. Segundo o estudo, uma marca estampada na frente master da camisa de um time da premier league gera cerca de US$ 180 mil por jogo. Já uma marca em um chapéu de jogador de golfe gera cerca de US$ 500 mil por rodada.

As marcas são mais visíveis e, portanto, mais absorvidas no golfe. E atletas mais famosos geram mais dinheiro do que atletas com menor relevância. Por isso são tão procurados. E ao contrário do futebol, o atleta que estampa maior número de patrocínios não é aquele que tem menos recursos, mas aquele que é mais procurado, por ser mais rentável. 

Para fecharmos a questão dos patrocínios, um paper feito em 2009 por G. Clayton Stoldt & Mark Vermillion chegou à conclusão que 51% dos telespectadores presentes em um torneio de golfe ganhavam mais de US$ 100 mil anuais. Isso, por si só, qualifica o público que as grandes marcas querem atingir com seus patrocínios. E faz com que elas olhem para o golfe e principalmente para os torneios da PGA como uma grande oportunidade para gerarem milhões de dólares. 

Patrocinar o golfe traz diversos benefícios e as grandes empresas sabem disso. Elas atingem o público correto, no momento correto. E é por isso que uma vez patrocinando certo campeonato de golfe, elas nunca param. Como diria o ditado, “se você já sabe qual o melhor cavalo da competição, aposte nele antes da corrida começar”. 

Marcas parceiras do golfe: uma pluralidade de setores

O público-alvo do PGA Tour é relativamente homogêneo e sua maioria é composta por:

  • Homens
  • Com idade entre 40 e 59 anos
  • Curso superior completo
  • Renda anual na faixa de US$ 100 mil a US$ 200 mil

Mas, mesmo assim, o campeonato atrai inúmeras marcas e de diferentes setores, com mais de 50 parceiros oficiais, que variam desde marcas de automóveis até empresas financeiras, diversas empresas se aproveitam do grande público da PGA para se promoverem. 

Os principais parceiros da PGA são:

MarcaSetor
Amazon Web Services (AWS)Tecnologia
FedExLogística
MasterCardFinanceiro
MitsubishiAutomotivo
Morgan StanleyFinanceiro
RolexRelojoeiro
Tiffany & Co.Joalheria
USA Today SportsEsportivo

Um dos mais antigos patrocínios no golfe é o da Rolex. Em 1967 a empresa de relógios se uniu a Arnold Palmer, juntamente com  Jack Nicklaus e Gary Player, grandes nomes do golfe, dando início a relação da marca com o esporte. 

Em 2007, a empresa iniciou oficialmente sua parceria com a PGA e renovou seu contrato em 2015, por mais 11 anos, ou seja, até o ano de 2026. Na ocasião, em 2007, Tom Wade, diretor de marketing da liga, ressaltou os benefícios mútuos da parceria, ao dizer que “o tempo é, obviamente, uma parte importante do nosso esporte e a Rolex tem presença de destaque no golfe profissional ao redor do mundo”. 

A declaração pode ser complementada pelo discurso de Arnaud Boetsch, diretor de comunicação e imagem da Rolex, feito durante a renovação do contrato: “a Rolex teve posição única e majoritária no desenvolvimento global do golfe com o passar dos anos. Estamos encantados que isso continuará por mais muito tempo”.  

Outra parceria de longa data é a da PGA com a FedEx, serviço de correios e logística norte-americano. Iniciada em 1985, a parceria se prolonga até os dias de hoje, sendo sua última renovação em 2017, quando as empresas acordaram uma extensão de 10 anos. 

Na época, os contratos de 10 anos ou mais tornaram-se comuns para a Associação, uma vez que o próprio comissário da PGA, Jay Monahan disse que contratos longos “oferecem ao torneio maior estabilidade, flexibilidade e mostra que “o sistema está funcionando”.

Sobre o acordo, o Comissário também disse que se sente orgulhoso em saber que “os atletas sabem se comportar e são pessoas que têm propósitos, são globais e geram identificação e, por isso, representam o jogo tão bem”. 

Em consonância, o Vice-Presidente do FedEx na época, Patrick Fitzgerald, também disse que o golfe “parece atrair alguns dos melhores atletas, pessoas e cidadãos da comunidade”, algo que também o faz sentir orgulho. 

Tais posicionamentos reiteram o “perfil” dos fãs da liga e como as empresas se beneficiam com ele.

Celebridades em campo

Para se tornar um jogador da PGA, é preciso se submeter a um processo longo e complicado. Entre os passos, é necessário, primeiramente, jogar em alto nível em competições amadoras para conseguir se inscrever em eventos profissionais. Posteriormente, deve ser feita a inscrição na  Q-School, uma escola preparatória de golfe, que dá direito a vagas nas classificatórias do Korn Ferry Tour. Assim, se o atleta se classificar e se manter entre os melhores desse torneio, consegue a tão esperada vaga no PGA Tour.

Por isso, várias ações especiais, em que jogadores de outras grandes ligas participam de torneios de golfe, não estão associados diretamente à PGA. Ainda assim, esses eventos geram grande visibilidade para o esporte como um todo e aproximam fãs de ligas como NBA e NFL dos torneios de golfe, fato que aumenta seu número de telespectadores e torna o ambiente mais atrativo para patrocinadores.

Um dos exemplos a ser citado foi o jogo entre o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump com Peyton Manning, ex-quarterback da NFL, para homenageá-lo após sua aposentadoria da liga.

Outro exemplo a ser citado é o jogo de 2016 da American Century Championship, um campeonato anual que conta com celebridades e atletas de diferentes esportes. Na edição, o jogo foi disputado por nomes como o de Stephen Curry (jogador da NBA), o cantor Justin Timberlake e  o ator Alfonso Ribeiro. 

Na época, o jogo ganhou grande repercussão nas mídias pela icônica cena dos três apresentando a icônica dança do personagem de Alfonso Ribeiro, no programa “Um Maluco no Pedaço”.

Ainda sobre Curry, em 2021, o astro da NBA se tornou analista de golfe durante uma ação da Comcast NBCUniversal com a Unanimous Media, empresa em que o jogador é dono. A parceria veio da paixão pessoal do atleta por golfe e também contribui para que novos fãs assistam a PGA e aumentem sua audiência.

Por Giovana Guerreiro e Igor Fernandes