Futebol sul-americano: final da Libertadores entre brasileiros marca início de uma nova era

Com confrontos entre clubes de referência em gestão esportiva na final da Libertadores e Sul-Americana, o Brasil é duplamente Campeão e Vice-campeão da América.


Por Bruno A. Matos

6 de outubro de 2021

Palmeiras e Flamengo disputam a final da Libertadores. Athlético Paranaense e Red Bull Bragantino estão na final da Sul-Americana. Quatro clubes brasileiros. Esses são os finalistas das duas competições internacionais mais importantes do futebol sul-americano.

Depois de nove anos consecutivos com pelo menos um representante brasileiro e seis títulos na final da Libertadores, entre 2005-2013, o Brasil passou por uma “seca” de finalistas, com apenas um representante nas cinco edições seguintes — o Grêmio, campeão em 2017, foi o único clube brasileiro a jogar uma final de Libertadores nesse período. Mas com a participação (e título) do Flamengo em 2019, seguida de uma final brasileira disputada por Palmeiras (que levou a taça) e Santos no ano seguinte, o país do futebol parecia ter encerrado a sua “má fase” na competição. Em 2021, com uma final entre os dois últimos campeões, sacramentou-se o retorno da dinastia brasileira na Libertadores.

Na Sul-Americana, vemos um avanço da classe de futebol fora dos “doze grandes clubes brasileiros” ou “G-12”. Desde o início da competição, em 2002, até 2015, o Brasil havia conquistado apenas dois títulos, com Internacional (2008) e São Paulo (2012). Afinal, esse é um campeonato secundário, e o país dominava a Libertadores nesse mesmo período. De qualquer forma, ambas as conquistas ainda vieram de times do mais alto escalão brasileiro. Até que, em 2016, a Chapecoense foi campeã. E em 2018, o Athlético Paranaense ergueu a taça. Com a final brasileira de 2021, o Athlético tem a chance de repetir o feito contra o Red Bull Bragantino, que busca uma conquista inédita.

Navegue pelo conteúdo por aqui:

Futebol sul-americano

A América do Sul ainda está longe de se tornar uma referência no business do futebol, como é o caso da Europa. Apesar do envolvimento com futebol diretamente ligado à cultura de vários países, o continente é majoritariamente composto de países subdesenvolvidos sócio-economicamente. A realidade é desanimadora, mas o potencial pode ser alto.

UEFA e CONMEBOL

Ao comparar a UEFA, na Europa, à CONMEBOL, na América do Sul, fica clara a disparidade dos mercados. As duas organizações são os principais representantes do futebol de onde atuam, e são responsáveis pela gestão e investimentos em competições continentais.

Receita

Enquanto a federação europeia arrecada mais de 3 bilhões de dólares em receitas anuais, a CONMEBOL não ultrapassa a marca de meio bilhão. Os quase 490 milhões de dólares em receitas totais da confederação sul-americana são praticamente equivalentes às receitas vindas exclusivamente de acordos comerciais da UEFA — 417,8 milhões, ou 13,7% do total, em 2020.

Premiações

No quesito premiação, ficamos para trás novamente. As competições europeias correspondentes à Libertadores e Sul-Americana são a Champions League e a Europa League. A premiação para o campeão da Libertadores de 2021, de US$22,5 milhões, é menor do que o prêmio pago ao Sevilla em 2020, pelo título da Europa League (US$34,6 milhões).

Se fizermos uma comparação homóloga, temos que a principal premiação na Europa é mais de 5,5 vezes maior do que a nossa. O Bayern de Munique, campeão da Champions League em 2020, recebeu 125,5 milhões de dólares. Da mesma maneira, o prêmio de US$7 milhões para o campeão da Sul-Americana de 2021 é quase 5 vezes menor do que o seu equivalente na Europa.

Clubes

Pode ser mais fácil, e com certeza é mais comum, visualizar a diferença entre o nível Brasil-Europa a partir de seus clubes. 

Na lista dos 20 clubes de futebol mais valiosos do planeta, pela Forbes, todos são Europeus. O Barcelona e o Real Madrid, que estão no topo do ranking, são avaliados em 4,76 e 4,75 bilhões de dólares. O clube de maior valor na América do Sul não bate a marca de R$1 bilhão.

Confira os top-10 “times mais ricos da América do Sul”, quando se trata de valor estimado:


Equipe País Valuation
Flamengo Brasil R$ 820 milhões
River Plate Argentina R$ 758 milhões
Palmeiras Brasil R$ 667 milhões
Grêmio Brasil R$ 662 milhões
Boca Juniors Argentina R$ 612 milhões
São Paulo Brasil R$ 486 milhões
Corinthians Brasil R$ 481 milhões
Vélez Sarsfield Argentina R$ 426 milhões
Racing Club Argentina R$ 377 milhões
10˚ Internacional Brasil R$ 344 milhões

OneFootball 2020

Futebol brasileiro

O futebol brasileiro se destaca mundialmente pelas conquistas internacionais da seleção brasileira, mas também pelos seus clubes mais tradicionais conhecidos ao redor do planeta.

Brasil na Libertadores

No continente sul-americano, o país também é temido nas competições internacionais, mas compete diretamente com a Argentina pelo maior número de títulos da Libertadores — 25×21 para os “hermanos”, contando com a conquista de Palmeiras ou Flamengo em 2021. No entanto, o Brasil ainda é o país com mais times vencedores da competição. E como foi ilustrado anteriormente, temos dominado o cenário mais recente.

Lista de clubes brasileiros campeões da Libertadores:

  • Santos (3)
  • São Paulo (3)
  • Grêmio (3)
  • Cruzeiro (2)
  • Internacional (2)
  • Flamengo* (2)
  • Palmeiras* (2)
  • Vasco (1)
  • Corinthians (1)
  • Atlético-MG (1)

*Estão na final da Libertadores de 2021, ou seja, um dos clubes adicionará uma conquista

Campeonato Brasileiro (Brasileirão)

No quesito ligas nacionais, o Brasileirão se destaca. É a mais valiosa entre as ligas da América do Sul, confortavelmente — a Superliga argentina é a distante segunda colocada.

Segundo a International Federation of Football History & Statistics (IFFHS), o nosso campeonato nacional está entre os mais relevantes do mundo. Mais precisamente, é o terceiro, apenas atrás da La Liga (Espanha) e da Premier League (Inglaterra). Ainda, o Campeonato Brasileiro é um dos mais assistidos do mundo: são mais de 10,7 milhões de telespectadores fora do Brasil, em mais de 100 países. Em 2019, antes do coronavírus, a Globo teve mais de 44 milhões de telespectadores por jogo, nacionalmente.

Transferências de jogadores

O Brasil também é líder na área de transferências. É a nacionalidade com maior número de jogadores transferidos e valor agregado mundialmente, entre 2011-2021. Foram movimentados mais de 7 bilhões de dólares com jogadores brasileiros. E Neymar ainda é o dono da transferência mais cara do futebol, quando foi ao PSG em 2017, por mais de 200 milhões de dólares. 

Para esse mesmo período, dentre os top-30 clubes com atividades lucrativas de compra e venda de jogadores, 7 são brasileiros. Entre os países que mais contrataram, o Brasil é o primeiro — à frente de Inglaterra, Portugal, Espanha e Alemanha — com 6,2 mil contratações. O sul-americano mais próximo é a Argentina, com apenas 2,8 mil. Em termos de valor gasto, somos o 11˚ (e 1˚ sul-americano) com US$800 milhões.

As cores verde e amarelo também aparecem em primeiro na quantidade de jogadores de saída (7,3 mil) e em 7˚ para receitas geradas com as vendas com US$2,8 bilhões. O resultado nos coloca em segundo lugar no ranking de lucro líquido com transferências. Foram mais de 2 bilhões de dólares de lucro nos últimos 10 anos. E, por fim, oito clubes brasileiros compõem o top-10 de maiores gastos com transferências entre clubes da CONMEBOL.

Clube dos quatro: Final da Libertadores e Sul-Americana

Está claro o cenário vitorioso em que se encontra o futebol brasileiro, em relação ao resto de seu continente. No entanto, talvez existam algumas semelhanças entre Palmeiras, Flamengo, Athlético Paranaense e Red Bull Bragantino, que os diferenciam do “resto” nacionalmente, e pode tê-los levado à final da Libertadores e Sul-Americana que vão disputar.

São quatro clubes, de poucos brasileiros, que tem tratado suas operações de futebol como negócio. Que buscaram a organização e estabilidade financeira antes de partir para dentro de campo e disputar títulos. Que, não por acaso, têm entrado como favoritos nos jogos que disputam. São a cara do “novo modelo” a ser seguido no Brasil.

Athlético Paranaense

(José Tramontin/athletico.com.br)

O clube cresce de forma acelerada desde o início do século, quando conquistou o primeiro título nacional de sua história, o Brasileirão de 2001. De lá para cá, o Athlético Paranaense passou por grandes mudanças estruturais, e de gestão, que alavancaram o patamar do clube depois de uma fase turbulenta. Foram rebaixados em 2011, promovidos em 2013, terceiros colocados em 2014, além do vice campeonato na Copa do Brasil naquele ano. O Athlético começava a “incomodar” o G-12. A conquista de títulos de maior expressão era questão de tempo.

Em 2018, foram campeões da Copa Sul-Americana. E no ano seguinte, da Copa do Brasil e da Levain Cup/CONMEBOL — final disputada entre o campeão da Sul-Americana e da Copa da Liga Japonesa. Com a 25ª conquista do Campeonato Paranaense também em 2019, os Athleticanos tiveram uma temporada de Tríplice Coroa.

O que potencializou a ascensão do clube foi a sua gestão de recursos, iniciada em 1995, com a entrada de Mário Petraglia. A ideia era gerir o clube como uma empresa, buscando sempre um resultado financeiro positivo.

De 2018 para 2019 as receitas, que vinham caminhando paralelamente às despesas, decolaram. Foram de menos de R$200 milhões para um pico de R$371 milhões, que sofreu uma redução de 25% em 2020 devido aos impactos da pandemia. Grande parte da queda se deve à receita de televisão, com a postergação de receitas do Brasileirão em 2019.

O Athlético Paranaense tem como um de seus pontos fortes a venda de atletas. Essa frente foi ainda mais forte no último ano, e viu um aumento de quase 50% nas receitas advindas das transações. A força dessa linha de receita pode estar diretamente relacionada ao investimento crescente em contratações, infraestrutura e futebol de base.

No quesito endividamento, os números se mantém estáveis. A curto prazo, o clube quase não tem dívidas de peso. É a longo prazo que está o financiamento da arena, que carrega valores mais altos. O Índice Dívida Total sobre Receita Recorrente é o que mais preocupa, por estar bastante acima do ano anterior e a um patamar elevado em geral (320%).

De qualquer forma, os números do Athlético Paranaense são animadores. Com aumento de receitas, ampla capacidade de geração de caixa, estabilidade do endividamento e redução de custos e despesas, nos últimos anos o Athlético se estabeleceu entre os casos a serem seguidos e exaltados por outros clubes. Em 2021, a equipe está na final da Sul-Americana pela segunda vez, desde seu título em 2018, e na semi-final da Copa do Brasil.

Flamengo

(Alexandre Cassiano / Agência O Globo)

É um dos clubes que tem dominado o cenário do futebol pelo Brasil. Era um dos clubes mais endividados do país, hoje é potência dentro e fora dos gramados.

Em 2012 o Flamengo tinha uma dívida de quase R$800 milhões de reais, além de estar em um profundo déficit financeiro. Foi então que um grupo de líderes empresariais desenvolveu o projeto de levar ao cargo de Presidente um executivo. A política focava na redução de custos e contratações, smpre de acordo com o planejamento orçamentário. Outro foco era a renegociação das dívidas.

O clube começou a traçar o caminho das pedras. O primeiro resultado foi a conquista da Copa do Brasil em 2013. Em 2017 foi vice da Copa do Brasil e, em 2018, vice do Brasileirão. Em 2019, veio um ano de ouro. As conquistas do Brasileirão e da Libertadores, além do Carioca, completaram a Tríplice Coroa daquele ano. E o nível se manteve altíssimo em 2020, com a conquista da Supercopa do Brasil e da Recopa Sul-Americana, junto do bi-Brasileiro e bi-Carioca.

O desempenho do Flamengo é reflexo direto da sua situação financeira exemplar. A equipe segue com um bom controle de custos e capacidade de geração de caixa, que combinados aos resultados esportivos positivos, impulsionam os números.

A receita do clube ficou muito próxima de bater a marca dos R$900 milhões em 2019. Em 2020, a queda foi bastante acentuada, mas por conta da pandemia e da influência de premiações da Libertadores e Mundial. Em geral, a maioria das linhas de receita foram afetadas, principalmente TV e bilheteria. Publicidade e patrocínio foi uma fonte que cresceu, e social se manteve estável. Mesmo assim, com o total em R$595 milhões, o Flamengo ainda teve a maior receita do Brasil.

O endividamento cresceu, por conta de contratações e salários, mas o pagamento de dívidas renegociadas segue sendo realizado. O crescimento, porém, não foi suficiente para colocar os níveis de alavancagem do clube num cenário desbalanceado. O índice Dívida Total sobre Receita Recorrente segue dentro do intervalo esperado, com as dívidas de curto prazo levemente acima — o que não é um problema, ainda mais considerando o cenário de pandemia.

No geral, o Flamengo tomou um “susto” com o surgimento do COVID-19 e seus efeitos sobre as expectativas em alta e o planejamento ambicioso. No entanto, conseguiu resistir à crise devido aos bons números nos últimos anos, que vinham melhorando desde 2013. Isso tudo sem falar que o Flamengo, mais uma vez, aparece no topo da hierarquia do futebol nacional em 2021: foi campeão Carioca, bi-campeão da Supercopa do Brasil, e ainda está na final da Libertadores, semi-final da Copa do Brasil, e na briga pelo título que levaria ao tri-Brasileiro.

Palmeiras

(Cesar Greco)

É um dos clubes que tem dominado o cenário do futebol pelo Brasil. O caso de ascensão do Palmeiras é um pouco diferente dos dois anteriores. Foi com a ajuda de alguns grandes patrocinadores-investidores que o clube arrancou de vez. Primeiro com Paulo Nobre, ex-presidente, e depois com a Crefisa.

Paulo Nobre teve um efeito direto sobre a redução de dívidas do clube. E a Crefisa patrocina o clube com valores muito acima do mercado, e tendo influência sobre pagamentos de salários e contratações. Isso não desmerece o Palmeiras, que soube fazer bom uso da oportunidade.

Depois de vencer uma Copa do Brasil e ser rebaixado no mesmo ano, em 2012, o Palmeiras voltou a Série A com tudo — o acesso em 2013 veio com o título da Série B. Em 2015 o clube voltou a conquistar a Copa do Brasil, seguida de um Campeonato Brasileiro em 2016. Em 2018, mais um Brasileirão. E em 2020, um ano de ouro, com a vitória em uma final da Libertadores contra o Santos — que veio de facto em 2021, devido aos atrasos no calendário causados pela pandemia — e na Copa do Brasil.

O desempenho esportivo se deve à injeção e aproveitamento de recursos no clube. A manutenção do resultado positivo fora dos gramados vem da gestão de custos e despesas, e do fluxo de caixa.

As receitas do Palmeiras sofreram no ano de 2020, mas o clube conseguiu superar a queda com uma redução pesada dos custos e despesas. Enquanto a receita total caiu 18%, os custos e despesas sofreram um corte de 32%, de R$476 para R$326 milhões. A principal linha de receita afetada pela pandemia foi a de bilheteria e sócio-torcedor, que caiu 70%. Do outro lado da balança, buscando o equilíbrio, houve uma redução considerável nos custos com Pessoal.

O endividamento aumentou bastante. As maiores variações vieram de dívidas operacionais e onerosas, relacionadas à tomada de empréstimos e postergação de pagamentos de salários durante a pandemia. Isso também é reflexo da baixa nas receitas.

O Palmeiras segue com expectativas positivas para os próximos anos. O controle de gastos e boa distribuição de receitas dentro do clube, somado ao apoio do patrocinador, mantém o clube no mais alto nível. Na temporada 2021, o Palmeiras está na final da Libertadores, em busca de um bi-campeonato, e na disputa pelo título do Brasileirão.

Red Bull Bragantino

(ARI FERREIRA / RED BULL BRAGANTINO)

O Red Bull Bragantino é um clube recente, que surgiu da compra do antigo Bragantino pela marca Red Bull. Antes dessa fusão, a Red Bull já atuava no futebol brasileiro, mas não tinha bons resultados. O acordo, assinado em 2019, facilitou o estabelecimento do clube no Brasil.

Com o título da Série B e, principalmente, a volta à primeira divisão, o clube começou a ser bem visto no cenário do business do esporte, baseado em uma estrutura de gestão focada na consolidação de jovens atletas e uso de tecnologia, tudo isso dentro de um ecossistema financeiro suportado e controlado pela Red Bull. É mais um dos clubes de futebol geridos pela marca austríaca.

Apesar do modelo de gestão ser bastante transparente, com a injeção de recursos da Red Bull, o clube ainda não divulga seus resultados financeiros por completo. Está claro que a estrutura da equipe é bastante avançada e os salários estão todos em dia. Seria válido assumir, também, que as receitas têm crescido, dado o acesso à Série A, a permanência, uma boa campanha atual, e os resultados na Sul-Americana, onde é finalista.

Sob o controle de uma grande marca como a Red Bull, as expectativas só aumentam com o passar dos anos. Trata-se de um investimento, com foco em vencer. No contexto recente, o clube tem dado passos largos em direção aos objetivos de sua gestão e tem chance de ser campeão da Sul-Americana em 2021.

Chegou o novo arquétipo do futebol brasileiro

Temos quatro times brasileiros disputando a final da Libertadores e da Sul-Americana em 2021. Todos eles atuam sobre modelos de gestão exemplares no futebol brasileiro.

Pode ser que esses clubes tenham dado sorte, ou tenham tido um ano atípico. Mas pode ser também que esse seja o resultado de diferentes modelos de sucesso. É fácil acreditar na primeira opção. E difícil de replicar a segunda. 

O fato é: a taça da maior competição continental irá, pelo terceiro ano consecutivo, para Flamengo ou Palmeiras, dois clubes pioneiros na implementação de uma gestão mais inteligente financeiramente, que pensam a longo prazo e entendem (de verdade) que o primeiro passo para vencer dentro de campo é vencer fora dele. O mesmo se aplica aos que disputam a final da Sul-Americana.

E, de várias maneiras, o Brasil será campeão. Seja pela conquista dessas taças, ou pela concretização de uma nova era no país. Uma era que em muitos cantos do planeta já começou faz tempo: a era do futebol como negócio.

Fontes: Balanços dos clubes, FIFA: Ten Years of International Transfers Report