De acordo com Pedro Trengrouse, advogado e professor da FGV, a Cidade Maravilhosa poderá movimentar mais de R$ 20 bilhões em 10 anos com o Grande Prêmio do Brasil
Em um artigo publicado na página de opinião do Jornal O Globo nesta quarta-feira (08/05), o advogado e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Pedro Trengrouse fala sobre o Grande Prêmio de Fórmula 1 no Rio de Janeiro, prometido para acontecer já em 2020. Na mesma data, o Governo Federal, o Governo do Estado do Rio de Janeiro e a Prefeitura da Cidade Maravilhosa assinaram um termo de compromisso para a construção de um novo autódromo, que deverá ganhar o nome de Ayrton Senna, em um terreno cedido pelo Exército no bairro de Deodoro, na Zona Norte do Município.
“Um Grande Prêmio de Fórmula 1 é, sem dúvida, uma das melhores ferramentas de promoção do turismo para uma cidade como o Rio de Janeiro, tanto pela propaganda global para bilhões de pessoas quanto pelos seus impactos diretos, indiretos e induzidos”, diz o professor da FGV, em seu artigo.
No texto, Pedro Trengrouse cita números fornecidos pela consultoria inglesa Formula Money, especializada nas finanças dos circuitos ao redor do mundo, por onde passa a Fórmula 1.
Veja os dados:
“Diante desses números, é impossível não lembrar que se dizia exatamente a mesma coisa em relação aos impactos positivos da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. Entretanto, mesmo com tanto investimento nesses eventos, há 20 anos o Brasil continua estagnado em pouco mais de cinco milhões de turistas internacionais por ano. E pior, no mundo inteiro, há pelo menos cinco anos, a indústria do turismo cresce mais que a média da economia mundial, com destaque para países em desenvolvimento. Como então explicar que Las Vegas receba sozinha cerca de 10 milhões de turistas internacionais por ano, o dobro do Brasil inteiro?”, questiona o artigo de Pedro Trengrouse.
Em mais dados, desta vez da consultoria PricewaterhouseCoopers, Pedro fala sobre o Grande Prêmio do Azerbaijão, realizado em abril passado, na cidade de Baku. Segundo o estudo, são gerados mais de R$ 1 bilhão por ano em impactos econômicos positivos. Tais impactos consideram vários setores de atuação. Entre eles estão: profissionais liberais, hotéis, restaurantes, transportes, serviços sociais e culturais, agricultura, correios e telecomunicações, comércio, eletricidade, gás, água, e muitos outros. Sendo que o maior impacto se encontra no aumento de receitas nos setores diretamente envolvidos com o fornecimento de bens e serviços para os convidados e participantes da Fórmula 1.
Em Cingapura, de acordo com o órgão de turismo local, cada Grande Prêmio gera cerca de R$ 800 milhões para a cidade. Cerca de 40% do público que assiste à corrida é oriundo de outros países. Segundo artigo do professor da FGV, “há 11 anos, quando o Grande Prêmio de Fórmula 1 voltou a ser disputado em Cingapura, o número de turistas internacionais era inferior a 10 milhões por ano, hoje chega a 18 milhões”.
“É bem verdade que há um outro fator importantíssimo a ser considerado nesta equação: o investimento de R$ 32 bilhões na construção do mega hotel cassino resort Marina Bay Sands, que desde 2010 já atraiu mais de 300 milhões de visitantes e acaba de anunciar um aporte de mais R$ 13 bilhões para expansão, incluindo a construção de uma arena de 15 mil lugares. O resultado é que só neste hotel foram realizados 3.680 eventos apenas no ano passado”, ressaltou o Pedro.
O advogado e professor da FGV lembra ainda, em seu artigo, que o Brasil vem investindo em eventos esportivos internacionais desde 2007, a maioria deles no Rio de Janeiro.
“Jogos Pan-Americanos, Soccerex, Mundial de Judô, Jogos Mundiais Militares, Laureus, Copa das Confederações, Copa do Mundo, Jogos Olímpicos e Paralímpicos só para citar alguns. Já está mais do que provado que pagar a conta desses eventos sem investimento adicional inteligente para iniciativas estratégicas e sustentáveis não funciona”, aponta Pedro.
Segundo ele, um bom exemplo vem do Japão, que se prepara para sediar os Jogos Olímpicos de 2020 e, ao contrário do Brasil, se preocupa em atrair investimentos internacionais para evitar o que vem acontecendo por aqui: estádios da Copa com prejuízos significativos e baixo aproveitamento do Parque Olímpico.
“Uma das medidas (no Japão) foi justamente a aprovação de legislação permitindo cassinos, atraindo investimentos de R$ 120 bilhões em três licenças, mesmo com 3,5 milhões de máquinas caça-níqueis (pachinko) em funcionamento no país atualmente”, escreve o professor.
De acordo com Pedro, o Rio de Janeiro tem tudo para ser protagonista do crescimento do turismo brasileiro. E receber de volta o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 é um passo importante, mas não pode ser o único.
“Assim como patrocinadores investem muito além do que pagam pelos direitos da competição para ativar suas marcas, o poder público só conseguirá aproveitar todo o potencial desses eventos se tiver uma agenda própria com investimento adicional e políticas públicas inteligentes”, finaliza o advogado e professor da FGV.
O primeiro Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 foi disputado em 1972, no Autódromo de Interlagos, na cidade de São Paulo (SP). E por lá permaneceu todos os anos até 1978, quando o Rio de Janeiro sediou o evento pela primeira vez, no extinto Autódromo de Jacarepaguá, onde hoje se encontra o Parque Olímpico. Nos dois anos seguintes, a competição voltou a acontecer em asfalto paulista, mas se estabeleceu na Cidade Maravilhosa pelos nove anos seguintes, entre 1981 e 1990. Depois disso, voltou a Interlagos, onde é realizado até os dias de hoje.
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