Entenda as estratégias e desafios dos clubes no mercado de transferências em um novo cenário do futebol mundial
O mercado de transferências do futebol europeu vive um momento de transição em 2024, após o impacto profundo da pandemia de COVID-19. Embora os gastos totais com transferências tenham diminuído em relação ao ano anterior, o cenário atual ainda apresenta um volume de investimentos 70% superior aos anos mais afetados pela crise sanitária, como as temporadas de 2020/21 e 2021/22, segundo dados da Football Benchmark. Essa recuperação, porém, vem acompanhada de ajustes estratégicos por parte dos clubes, marcados por maior cautela e foco em sustentabilidade financeira.
A temporada 2024/25 marca a primeira redução nos gastos agregados desde o início da recuperação pós-pandemia, conforme aponta a análise da Football Benchmark. Estima-se que o total de investimentos atinja 7,52 bilhões de euros, representando uma queda de 9% em comparação aos 8,17 bilhões de euros registrados na temporada anterior. Essa retração reflete não apenas o contexto macroeconômico, mas também a aplicação mais rigorosa de regras financeiras, como os Regulamentos de Sustentabilidade Financeira da UEFA, que impõem limites às perdas dos clubes.
O mercado saudita, que despontou como novo protagonista em 2023, também registrou uma redução significativa nos gastos, com um decréscimo de 470 milhões de euros, de acordo com o levantamento. Essa desaceleração impactou diretamente a capacidade de investimento dos clubes europeus, que vinham se beneficiando das vendas para equipes da Arábia Saudita.
Um dos aspectos mais notáveis do mercado de transferências atual é a concentração do poder de compra em um seleto grupo de clubes, especialmente nas cinco principais ligas europeias (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França). Dados da Football Benchmark revelam que, na Premier League, apenas Chelsea e Manchester United responderam por 21% dos gastos do campeonato desde 2018/19. Em ligas como a LaLiga e a Ligue 1, essa concentração é ainda mais acentuada, com dois clubes representando até 38% do total investido.
Essa concentração não se limita às ligas domésticas. Em toda a Europa, os 20 maiores gastadores foram responsáveis por 40% dos investimentos em transferências. Ao expandir para os 100 maiores clubes, esse percentual sobe para quase 90%, evidenciando a disparidade entre uma elite financeira e a maioria dos clubes que dependem de vendas para equilibrar suas finanças.
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Enquanto os grandes clubes concentram os investimentos, equipes menores têm se destacado como “net sellers” — ou seja, clubes que geram receita principalmente com a venda de jogadores. Portugal, em especial, lidera esse modelo com clubes como Vitória SC, Braga e Sporting, segundo a análise da Football Benchmark. Essas equipes operam como desenvolvedoras de talentos, suprindo a demanda dos gigantes europeus por jogadores jovens e promissores.
Esse movimento não é apenas uma estratégia de mercado, mas uma necessidade financeira. Para muitos clubes fora do eixo das grandes ligas, a receita proveniente de transferências é fundamental para sustentar suas operações e manter a competitividade.
Apesar dos valores elevados envolvidos em transferências de estrelas, o levantamento da Football Benchmark aponta um padrão preocupante: muitos dos jogadores contratados por cifras superiores a 75 milhões de euros tiveram uma desvalorização de mercado significativa. Exemplos como Eden Hazard e Harry Maguire ilustram os riscos financeiros associados a essas aquisições. Hazard, contratado por 115 milhões de euros pelo Real Madrid, viu seu valor de mercado despencar para 36 milhões de euros em apenas dois anos, agravado por lesões e baixo rendimento.
Com isso, a estratégia de investimento mudou. Clubes estão priorizando a contratação de jovens talentos como ativos de longo prazo. Em 2024, 13% dos investimentos foram direcionados a jogadores com menos de 19 anos, um recorde histórico, conforme dados da Football Benchmark. Essa abordagem busca não apenas potencializar o retorno financeiro em futuras vendas, mas também minimizar os riscos associados às grandes contratações.
O cenário pós-pandemia trouxe uma nova consciência financeira para o mercado de transferências. A sustentabilidade passou a ser uma prioridade, especialmente com a pressão regulatória. Alternativas como transferências gratuitas, exemplificadas pela possível ida de Kylian Mbappé ao Real Madrid sem custo de transferência, despontam como soluções atraentes para clubes e jogadores.
No horizonte, o mercado de transferências segue dinâmico e imprevisível. Enquanto clubes buscam equilibrar desempenho esportivo e viabilidade financeira, o papel de desenvolvedores de talentos continuará essencial. O desafio, agora, é adaptar-se a um contexto onde o sucesso não depende apenas de grandes investimentos, mas de estratégias inteligentes e sustentáveis.
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